De todos os pássaros que conheço o que mais atrai
minha atenção é o João-de-Barro, ele possui a característica singular de
construir seu próprio ninho, utilizando única e exclusivamente seu bico como
ferramenta. Ao lado de sua fêmea, o João-de-Barro erguer uma estrutura
abobadada com uma geometria perfeita. Ali, em seu ninho, sua morada, a fêmea
coloca seus ovos, os pais alimentam seus filhotes, os aquecem, ouvem seus
primeiros cantos e os instrue ao voo, abrem asas e vão dar início a um novo
ciclo.
Por mais engraçado e distante que pareça, nossas
atribuições se assemelham e muito com a desse pássaro arquiteto. Somos
privilegiados por receber de Deus dons e talentos, ferramentas, capazes de
atraí-lo para perto de nós. Não somos joões-de-barro, mas somos sacerdotes,
construímos tabernáculos, construímos com nossa arte a habitação, a morada, o
ninho de Deus entre nós.
Isso para mim nunca foi totalmente claro, nem ao
menos sabia da responsabilidade em possuir um dom, um talento que vai além da
apresentação em um palco, vai além do ‘abrir das cortinas’, da melodia de uma
canção ou do movimento de um passo de dança.
Nossa vida é tão efêmera e infelizmente transformamos
o inafiansável bem mais precioso que possuímos em uma efemeridade também, algo
fulgás, que única e exclusivamente alimenta a nossa vaidade, assim cavamos mais
fundo o buraco vazio que há em um coração com uma motivação torpe. Enganamos a
nós mesmo. Quantos vivem assim dentro do ninho, ou melhor, dentro do corpo de
Cristo que é a Igreja.
Hoje estamos aqui, não em uma formalidade qualquer,
mas para acima de tudo agradecer a Deus por ter aberto nossa visão para o que
ele quer de nós. Deus é magnânimo, nos surpreende a todo instante e o que
vivenciamos durante os ultimo três meses é reflexo do seu imensurável amor por
cada um de nós. Ele não quer que o nosso talento seja um buraco vazio, sem
propósito. Ele quer nos fazer encontrar, nesse buraco vazio, o precioso tesouro
que ele colocou em nossas vidas. E para isso ele contou com ajuda de um projeto
maravilhoso, a Linha de Ensino do Ministério de Louvor e Artes da Igreja
Batista da Lagoinha.
No nosso cotidiano cristão usamos tantos jargões típicos
em nosso meio como, unção, glória, talento, dom e acaba que o verdadeiro
significado de cada uma dessas palavras passa batido, proferíamos sem saber o
poder que contém. Vocês, Coordenadores, líderes, professores, voluntários
ajudaram não somente a lecionar uma lição, muito mais do que isso, vocês foram
instrumentos abençoadores em nossa vida, elemento imprescindível para que a
expectativa fosse superada. Aquelas poucas horinhas muita das vezes tão
atribuladas devido o corre-corre do dia a dia se transformaram em um verdadeiro
bálsamo, um oásis em nossas semanas, o espaço perfeito para o agir do Pai em
nossos corações, em nosso caráter. Isto reflete não somente na vida
ministerial, mas sobretudo no nosso lar, no trabalho e em todo convívio social.
Afinal de contas nossa vida deve ser um infinito hino de amor ao Senhor, a
bíblia que os incrédulos irão ler. Tantas outras histórias poderia relatar
sobre esses dias, Deus cuidou tanto de nós! Conhecemos tantas pessoas, fizemos
novas amizades, estreitamos os laços, nos sentimos Corpo de Cristo.
Há uma frase que diz o seguinte: ‘Deus está nos
detalhes. ’ E foi isso que eu vivi com vocês. A atenção de Deus aos míninos detalhes
para nos agradar. Ele é onisciente, sabe de todas as coisas e tudo faz cooperar
para o nosso bem. Ele canta, dança, toca, molda, escreve, pinta, fala, sente... É o
Autor da Vida, quem nos encoraja a voar, a construir tabernáculos, a preparar o
altar para a sua adoração.
Que tudo quanto façamos seja para Glória d’Ele. Só assim seremos
como árvores plantadas à beira de águas correntes, cujo o fruto dá no seu tempo
certo. O fruto que quem está a nossa volta comerá! Essa é nossa função, nossa
missão. Servir com artes, integrar pessoas, inspirar vidas...
Álisson Valentim de Freitas